Sentia-se adormecida, seca, morta, sem cores.
Os dias simplesmente passavam por ela, sem que sequer conseguisse interagir.
As horas eram devoradas sem que jamais olhasse para o relógio, não a importava.
Não faria diferença o tempo, as horas, as luas, sóis e minutos; não para ela.
Como mudara em dois verões!
Antes, mesmo estando dilacerada pela perda, ela tinha esperanças de estar bem, forças para ver além, acreditava na reconstrução de si, achava que estaria melhor com o tempo.
Mas não hoje, não nesse verão: Agora não estava triste. Nem alegre. Talvez nem estivesse coisa alguma.
O cheiro do mar e o gosto de sol nos lábios que outrora a faziam sair da cama, eram ignorados pela janela fechada e cobertos pela cortina que mantinha o escuro e o frio artificial de sua toca.
Jamais gostara de televisão, porém, nestes dias de dormência de estar, não poderia viver sem.
Sua escrita rica e apaixonada tinha se transformado em linhas desconexas, e nem mais a vertigem da dor poderia fazê-la pensar em algo minimamente interessante.
Mas, como Deus não desiste de seus filhos, recebera um último chamado de uma amiga:
Sim, ela sairia para dançar.
Lembrara como dançar sempre a libertara, a conduzira para terras mágicas, a fizera sorrir tão puramente.
Naquelas notas de rock'n'roll, nada poderia machucá-la. Nada poderia adormecê-la.
O suor lhe escorrera à fronte e borrara toda maquiagem, tão cuidadosamente recolocada.
Os pés sujos eram provas de como abandonara as sapatilhas prateadas para bailar tal e qual nos velhos tempos.
(Outros tempos que tudo e nada prometiam).
E assim fora: uma noite completamente verdadeira.
Ganhara músicas, abraços tão sinceros, elogios ao frágil ego e tantos sorrisos vieram a lhe pertencer.
Sentia que àquele lugar era dela e vice-versa, numa relação simbiótica e mutualista: ali lhe sabiam, ali ela a tudo e a todos conhecia, como à palma de sua pequenina e frágil mão.
Depois de tudo, pegou o carro e dirigiu nas mesmas ruas que sempre dirigira.
Olhava o mar e ficava bem, sabendo que tudo é maior.
Assistia ao desfile do sol, que criava brilhos nas ondas que quebravam na areia e cegavam seus olhos desnudos dos essenciais óculos escuros.
Estava feliz. Sentia-se exausta.
Finalmente, estava satisfeita.
Por uma noite, só por hoje, ela estava completamente realizada.
Esquecera do vazio.
Ela sabia que o rock'n'roll fazia seus milagres.
E eram imediatos.
Agradeceu a Deus e dormiu -ainda com os olhos borrados do rímel preto-, temendo a correria do amanhã.
Os dias simplesmente passavam por ela, sem que sequer conseguisse interagir.
As horas eram devoradas sem que jamais olhasse para o relógio, não a importava.
Não faria diferença o tempo, as horas, as luas, sóis e minutos; não para ela.
Como mudara em dois verões!
Antes, mesmo estando dilacerada pela perda, ela tinha esperanças de estar bem, forças para ver além, acreditava na reconstrução de si, achava que estaria melhor com o tempo.
Mas não hoje, não nesse verão: Agora não estava triste. Nem alegre. Talvez nem estivesse coisa alguma.
O cheiro do mar e o gosto de sol nos lábios que outrora a faziam sair da cama, eram ignorados pela janela fechada e cobertos pela cortina que mantinha o escuro e o frio artificial de sua toca.
Jamais gostara de televisão, porém, nestes dias de dormência de estar, não poderia viver sem.
Sua escrita rica e apaixonada tinha se transformado em linhas desconexas, e nem mais a vertigem da dor poderia fazê-la pensar em algo minimamente interessante.
Mas, como Deus não desiste de seus filhos, recebera um último chamado de uma amiga:
Sim, ela sairia para dançar.
Lembrara como dançar sempre a libertara, a conduzira para terras mágicas, a fizera sorrir tão puramente.
Naquelas notas de rock'n'roll, nada poderia machucá-la. Nada poderia adormecê-la.
O suor lhe escorrera à fronte e borrara toda maquiagem, tão cuidadosamente recolocada.
Os pés sujos eram provas de como abandonara as sapatilhas prateadas para bailar tal e qual nos velhos tempos.
(Outros tempos que tudo e nada prometiam).
E assim fora: uma noite completamente verdadeira.
Ganhara músicas, abraços tão sinceros, elogios ao frágil ego e tantos sorrisos vieram a lhe pertencer.
Sentia que àquele lugar era dela e vice-versa, numa relação simbiótica e mutualista: ali lhe sabiam, ali ela a tudo e a todos conhecia, como à palma de sua pequenina e frágil mão.
Depois de tudo, pegou o carro e dirigiu nas mesmas ruas que sempre dirigira.
Olhava o mar e ficava bem, sabendo que tudo é maior.
Assistia ao desfile do sol, que criava brilhos nas ondas que quebravam na areia e cegavam seus olhos desnudos dos essenciais óculos escuros.
Estava feliz. Sentia-se exausta.
Finalmente, estava satisfeita.
Por uma noite, só por hoje, ela estava completamente realizada.
Esquecera do vazio.
Ela sabia que o rock'n'roll fazia seus milagres.
E eram imediatos.
Agradeceu a Deus e dormiu -ainda com os olhos borrados do rímel preto-, temendo a correria do amanhã.
A menina, como ela, ainda dança:
O grande lance é Rock'n'Roll:
Um comentário:
Tão lindo... Tudo, tão Clarice... Camila, Gabi, Maria, Lúcia... Tão gente, né? Tão sincero... Tão necessário, mágico e sublime.
Deus colocam as palavras certas nas horas certas, digo-lhe que nada foi novo, talvez já tivesse sido instável em pensamentos - seus - como os dias cinzentos que não deixam de ser dia mesmo que confuso, e não sabe se chove ou se faz sol, mas se faz dia. E os meus dias são encantados sempre que lembro dos membros que fazem parte do meu coração, esses sim, são independentes de frio, calor, doce ou amargo.
Amo-te sempre, babe!
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