domingo, 22 de junho de 2008

Band-aid.


Obrigada por ter segurado minha mão tão forte
quando o mundo deixou de fazer sentido,
e tanta coisa ficou mais feia e dolorida.
Quando caí, quebrei a cara, perdi a voz
e tremi de tristeza e indignação.

... e daí vem você,
me dá um carinho e uma companhia,
e tudo fica mais suave.
E sem me pedir explicações,
me conforta e conjuga o verbo estar de
'estou e estarei aqui'.

Sempre bom um porto seguro pra ir comprar lápis de cor comigo,
num supermercado no meio do nada,
meia-noite e mais um pouco.

Pessoas como você me fazem continuar acreditando
em alguns hommo sapiens.

Te amo!
E certas coisas não mudam.


"Há tanta suavidade em nada se dizer ...
e tudo se entender."
(F. Pessoa)

domingo, 15 de junho de 2008

Retrato.


Dorme, meu menino,
mas não te esqueces das minhas palavras que querem te soar tão doces,
não te esqueces de me dizer o que me é de direito ouvir de ti.

Um Marcelo para uma Camila.
Boa noite, querido meu,
te repouses e guarde um sonho bom pra mim,
para nós,
pra um pronome
indefinido.
Que pode ser átono
ou oblíquo.

Horizontes e possibilidades ...
Já me disseram por canções: o óbvio e utópico, te beijar.
As lembranças do por vir,
I'm in love with him and I feel
fine.

E hoje,
a vontade de deitar
juntinho (prefiro assim).


Qualquer entendimento um:
- http://br.youtube.com/watch?v=Ym0x3vTw6yc

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Indefinível.


{Mas não tente se matar.
Pelo menos nessa noite, não.}

Um tanto quanto cínico,
me escapa do sorriso,
ares de Monalisa.

Do fundo do meu útero,
do aborto mal sucedido,
da gestação que não pari,
da dor em chamas.


- Escuta, acalma, abrange, aprende:
Cry, baby (Janis Joplin)

... a maior expressão da a.n.g.ú.s.t.i.a.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Verdades de um sábado ensolarado.



E daí eu paro e penso que realmente toda mágoa, todo ardor, toda revolta e a força da minha ira jamais foram capaz de reduzir a pó - um miligrama que fosse - o amor que eu senti ou o relacionamento tão intenso que eu vivi. Não era preciso passar por cima ou compreender: era só ter deixado ir como um ciclo que se finda, perene que é, pela própria vida.

A presença continuava forte ainda que eu tentasse passar por cima de tudo com meu turbilhão de sentimentos negativos e claustrofóbicos; com o desespero que me era tão comum, tão inato, tão sufocante e tão palpável.

Uma cegueira não-lúcida inviabilizou a possibilidade de perceber que para curar aquela tempestade, era preciso apenas um guarda-chuva segurado com delicadeza por alguém que se importasse com a menina que tão cedo se abandonou ... com a mesma menina que, nas palavras de Jim Morrison, havia se tornado "carcereira da própria prisão".

Debaixo do guarda-chuva tem proteção, tem calor, tem cores e vida.
Toda vontade de viver de novo ... uma ânsia que havia se esvaído, secado pela dor que continuava incessantemente.
Mas isso é passado, e só o presente-futuro me interessa.
O que foi deixou. O que virá vai ser bem-vindo.

Ilustrativamente, é como nesta canção:

♪ ♪ Gotas de amor sobre as feridas como um bálsamo.
Ondas de amor pelas cortinas como um sábado de sol.
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou,
fingir que não, passar por cima, nunca me ajudou ...
Onda de amor me contamina como um sábado de sol,
eu só queria te dizer que aquela dor já passou,
fingir que não, passar por cima nunca me ajudou ...
Onda de amor me contamina como um sábado de sol.
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou! ♪ ♪
(Paralamas do Sucesso, "Sábado")

domingo, 25 de maio de 2008

A piece of my rock'n'roll ...


Janis fuckin' Joplin.

Senhor, me dá uma máquina do tempo?
Nem precisa de uma Mercedes Benz não ...


♪ ♪ Didn’t I make you feel like you were the only man —yeah!
Didn’t I give you nearly everything that a woman possibly can ?
Honey, you know I did!
And each time I tell myself that I, well I think I’ve had enough,
But I’m gonna show you, baby, that a woman can be tough.
I want you to come on, come on, come on, come on and take it,
Take it!
Take another little piece of my heart now, baby!
Oh, oh, break it!
Break another little bit of my heart now, darling, yeah, yeah,yeah.
Oh, oh, have a!
Have another little piece of my heart now, baby,
You know you got it if it makes you feel good,
Oh, yes indeed.
You’re out on the streets looking good,
And baby deep down in your heart I guess you know that it ain’t right,
Never, never, never, never, never, never hear me when I cry at night,
Babe, I cry all the time!
And each time I tell myself that I, well I can’t stand the pain,
But when you hold me in your arms, I’ll sing it once again ... ♪ ♪
(Janis Joplin, trecho de "Piece of my heart").


De arrepiar:
http://www.youtube.com/watch?v=JjD4eWEUgMM

http://revistatrip.uol.com.br/81/janis/01.htm


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cisne que se {es} vai.



If I were a swan, I'd be gone.
If I were a train, I'd be late,
and if I were a good man,
I'd talk with you more often than I do.
If I were to sleep, I could dream.
If I were afraid, I could hide.
If I go insane, please don't put
your wires in my brain ...
If I were the moon, I'd be cool.
If I were a rule, I would bend.
If I were a good man, I'd understand
the spaces between friends ...
If I were alone, I would cry,
And if I were with you, I'd be home and dry ...
And if I go insane,
will you still let me join in the game?
If I were a swan, I'd be gone.
If I were a train, I'd be late again.
If I were a good man,
I'd talk with you more often than I do ...
(Pink Floyd, "If")

sábado, 10 de maio de 2008

Some for better.



É tão bom pensar
no que um dia
pode vir a
ser.

Momentos de ternura,
dedicação,
carinho
e liberdade.

Algumas das coisas de você para mim,
que trazem brilho aos meus olhinhos.

E você sabe,
na minha vida ...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Banheira de Soluções


Doses de alívio.
Cápsulas
de tranquilidade.
Equilíbrios comprimidos.

{{Sem moderação}}.

domingo, 4 de maio de 2008

Pequenina e Feiticeira.




"Un papillon
perdu parmi les lions ..."
(Nolwenn Leroy)





✩ ... ando no meio das flores
procurando
quem me
queira.

sábado, 3 de maio de 2008

Ainda sobre o caos ...


"Nous essayons bien de mettre un peu d'ordre en nous, dans la mesure du possible, mais cet ordre reste quelque chose d'artificiel...
Le naturel c'est le chaos."
{A. Schnitzler}



Entendido isto,
aceite.

Aceitado,
siga adiante.

Sabendo que
o caos de hoje
é sempre melhor e mais natural
que o amanhã
que brilha em paz artificial.


Caos tão natural.

"Nous essayons bien de mettre un peu d'ordre en nous, dans la mesure du possible, mais cet ordre reste quelque chose d'artificiel ...
Le naturel c'est le chaos."

{A. Schnitzler}

E depois de ler isto em andanças,
por fim,
aceito
o caos
de mim.

Por ser tão natural ...
e ter pavor da ordem
artificial.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Perfeita simetria.



Toda vez que toca o telefone eu penso que é você!,
Toda noite de insônia eu penso em te escrever pra dizer que o teu silêncio me agride, e não me agrada ser um calendário do ano passado; pra dizer que teu crime me cansa e não compensa entrar na dança depois que a música parou.
Toda vez que toca o telefone eu penso que é você!.
Toda noite de insônia eu penso em te escrever ...,
Escrever uma carta definitiva que não dê alternativa pra quem lê; te chamar de carta fora do baralho, descartar, embaralhar você e fazer você voltar ao tempo em que nada nos dividia.
Havia motivo pra tudo, e tudo era motivo pra mais: era perfeita simetria, éramos duas metades iguais...
O teu maior defeito talvez seja a perfeição; tuas virtudes talvez não tenham solução.
Então pegue o telefone ou um avião, deixe de lado os compromissos marcados, perdoa o que puder ser perdoado, esquece o que não tiver perdão e vamos voltar aquele lugar... Ao tempo em que nada nos dividia.
Havia motivo pra tudo, e tudo era motivo pra mais: era perfeita simetria, éramos duas metades iguais...


É, hoje só o Gessinguer falou.
E eu nem precisaria mais acrescentar nada... Quase sempre as canções se bastam.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Horizonte distante.


Manhãzinha.

Saudade de você.
{Temor da nossa distância}.

Sem mais e enfins.
Com poréns e
toda-as-vias.

Oca de
conteúdos.

Manha{ã}zinha,
Um tanto quanto
manhosinha.

Horizontalmente
desconexa.

Verticalmente
incompleta.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Cada dia mais longe. Ainda que perto.


Eu estou indo embora,
e você não está vindo me buscar.
Isto é simplesmente aterrorizante.

Estou quase longe,
e no entanto ainda tão perto,
tão dentro de você,
e do que um dia
fomos
nós.

Você não vem mesmo?
E agora?

Tenho que seguir ...
e eu não sei aonde ir;
pior!, não sei sequer se quero
ou se devo.

Onde estão minhas novas direções a escolher?
E os horizontes?
Possibilidades?

Apavorada! Eu estou apavorada ...
Cadê você? Você não vai mais me seguir?
Já está passando do tempo de você me segurar,
e me pedir pra ficar,
porque você
sem mim
não há.

Como suportar a ausência dos teus apelos?
Como conviver com a falta dos teus arrependimentos?
Você sempre mudava de idéia ...,
não aguento mais esperar.

Eu estou indo.
Não por vontade,
mas por que
talvez preciso
seja.

Eu continuo a ir,
e nem sei
se quero
{ficar}.

Venha me buscar,
mesmo que eu não
saiba se quero
{voltar}.

... eu estou indo.
Você não vem {?}
mesmo.

Estou quase chegando,
e nem sei aonde.
A minha mão ainda espera
ser fisgada pela sua.

Então vem,
daí eu não
vou.

domingo, 27 de abril de 2008

Casa no Campo.


Minhas percepções e distorções sobre o mundo estão em constante movimento e jamais desconexas dos meus sentimentos; e isto precisa ser dito.

Incontáveis vezes eu desejei e desejo juntar aqueles muitos pedaços nos quais me espalhei (amigos é a palavra mais próxima que pude achar no dicionário para explicar os 'pedaços') para que eu pudesse viver mais, amar mais, conhecer mais e sentir mais.
Ninguém pode caber num só corpo; precisamos nos dar e nos receber de e por outros; e isto faz pleno sentido para mim ... um ser tão repartido em múltiplos pedaços.

Diariamente penso num modo prático de reunificar estas grandes partículas num só lugar e lá viver com todos uma vida plena, sincera e de mutualismos constantes.
Talvez isso nada mais seja do que uma fuga de olhares vazios e ocos, de pessoas de mentirinha, de pessoas que se protegem em redomas de vidros, de pessoas que sequer acham graça em roubar um sorriso ou um beijo de outrém e de gente que tem medo de gente.

Que sorte a minha: muitas dessas metades que me pertencem (de um jeito completamente livre) também possuem esse mesmo desejo irmão de estarmos juntos, de vivermos juntos, de realizar com alguns poucos escrúpulos a incrível fantasia da realidade diária.

Como construir o projeto de uma ilha?
Ou melhor, de uma casa no campo?
Aquele lugar sagrado que você entende e que não se perde nem em tempo e nem em espaço.

Será possível provar que a física está errada mostrando que vários corpos ocupam sim um mesmo lugar e que o infinito também existe (ao menos quando mensuramos sentimentos)?

Sócios de visões de mundo, de distância do pré-frabricado, de uma significante não-proximidade do desassossêgo; comparsas de idealizações, utopias, lembranças de ontem e do por vir: EU OS AMO.

Vai ser bom quando estivermos velhinhos e olharmos ao redor: amigos, livros e discos.
Um mundo particular dividido constantemente com gente especial; é bom sonhar junto, é bom os ter sempre por perto.
Vocês são integrantes essenciais do meu projeto de confiança no ser.
Obrigada!

♪ ♪ Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais,
E tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais.
Eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar no tamanho da paz,
E tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais.
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim,
Eu quero o silêncio das línguas cansadas,
Eu quero a esperança de óculos,
Meu filho de cuca legal.
Eu quero plantar e colher com a mão a pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais ...
("Casa no Campo", Zé Rodrix e Tavito)

... e isso já é bastante coisa,
isso já é tudo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Excuse me while I kiss the sky.


Esquecendo todas as mágoas, os pesos, amarguras, desamores.
As rivalidades, as frivolidades, os abismos, os tremores.
Desapegando, recomeçando,
deixando,
vivendo.

A busca pela cura,
suas delícias
e suas
torturas.

Na rejeição do passado dolorido,
é possível (re) inventar
um presente
querido.

Depois de uma viagem ao céu,
volto mais pura.
{todososdias}.

Quando o incômodo persistir,
lembre das demais estrelas
que no céu
você
mirou.

E forme outras
nuvens.

Respire novas
cores.

Brilhe em cada vez mais
sóis.

Inspire mais
luas.

Construa naves
impossíveis
aos outros.

Descubra sempre inéditos
sorrisos
em
você.


♫ A lua inteira agora é um manto negro,
O fim das vozes no meu rádio,
São quatro ciclos no escuro deserto do céu ...
Quero um machado prá quebrar o gelo,
Quero acordar do sonho agora mesmo,
Quero uma chance de tentar viver sem dor ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
Não era mais o mesmo mas estava em seu lugar ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo,
Vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ...
A trajetória escapa o risco nu,
As nuvens queimam o céu, nariz azul
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu ...
A lua, o lado escuro, é sempre igual
No espaço a solidão é tão normal,
Desculpe estranho eu voltei mais puro do céu ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
Não era mais o mesmo mas estava em seu lugar ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ...
Estar lá!
E ver ele voltar,
Não era mais o mesmo, mas estava em seu lugar
Sei que estar lá e ver ele voltar
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ... ♫
(Nenhum de nós, "O astronauta de mármore")

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Muitas vezes é sobre isto.


"Querido Joe,

Se eu conseguisse fazê-lo feliz, eu teria conseguido fazer a maior e mais difícil coisa que existe, que é deixar uma pessoa completamente feliz.
Sua felicidade significa a minha felicidade e ..."
(Trecho da carta de Marilyn a Joe minutos antes de sua morte, em 4 ou 5 de agosto de 1962 em Los Angeles).



"... Ele nunca deixaria de amá-la e seria seu confidente mais constante, o porto seguro para onde ela voltava sempre que estava com problemas ..."
(Teté Ribeiro, "Divas Abandonadas")

Talvez amar seja isso, né?
Não estar junto, mas ser sempre próximo.
Ou talvez amar seja muito mais, seja grande demais, sublime demais, belo demais pra essa vida repleta de vaidades e egoísmos ...