domingo, 10 de maio de 2009

Vapor barato.


Ele tinha um cheiro tão vulgar.

Era um cheiro quase que comum: Um cheiro que pertencia a todos os homens com quem ela cruzava pela rua, e, ainda assim, era um cheiro somente dele.

Era o mesmo odor que sentia entrar pela porta de sua casa, quando o vizinho saía do elevador pontualmente, e todos os dias, às seis da tarde.
(E ainda assim, fazia o seu coração disparar!)

O exato mesmo cheiro daquela fileira de desodorantes (a vapor) que ela era obrigada a ver no começo de semana nas idas ao supermercado para fazer as compras.
(Vapor barato, concluiu, com uma pontada no peito.)

-Barato e vulgar como tudo que dele faz parte-, pensou, entristecida.
(Como pudera pertencê-lo? Ela era tão especial!)

Viver em paz era o que ela queria.
Mas como seria possível com todos esses cheiros vulgares que a perseguiam?


Sim!, eu estou tão cansada... Mas não pra dizer que eu estou indo embora. Talvez eu volte, um dia eu volto, quem sabe... Mas eu preciso, eu preciso esquecê-la, a minha grande, a minha pequena, a minha imensa obsessão, a minha grande obsessão... A Minha Honey Baby!
(Gal, 'Vapor Barato')

(Foto: Marina Vilela, efeitos por mim)

2 comentários:

Ludmila disse...

ai, ai, como eu convivi com o cheiro da minha insônia... é que ele usava o perfume da estação. espero que essa moda também seja efêmera. bah!

ISA disse...

O cheiro vulgar são os cheiros mundanos, nem por isso menos sinuosos e atraentes... como Rita Baiana, tão corriqueira e tão ímpar, rs.
Lindo, Mia!