quarta-feira, 30 de abril de 2008

Horizonte distante.


Manhãzinha.

Saudade de você.
{Temor da nossa distância}.

Sem mais e enfins.
Com poréns e
toda-as-vias.

Oca de
conteúdos.

Manha{ã}zinha,
Um tanto quanto
manhosinha.

Horizontalmente
desconexa.

Verticalmente
incompleta.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Cada dia mais longe. Ainda que perto.


Eu estou indo embora,
e você não está vindo me buscar.
Isto é simplesmente aterrorizante.

Estou quase longe,
e no entanto ainda tão perto,
tão dentro de você,
e do que um dia
fomos
nós.

Você não vem mesmo?
E agora?

Tenho que seguir ...
e eu não sei aonde ir;
pior!, não sei sequer se quero
ou se devo.

Onde estão minhas novas direções a escolher?
E os horizontes?
Possibilidades?

Apavorada! Eu estou apavorada ...
Cadê você? Você não vai mais me seguir?
Já está passando do tempo de você me segurar,
e me pedir pra ficar,
porque você
sem mim
não há.

Como suportar a ausência dos teus apelos?
Como conviver com a falta dos teus arrependimentos?
Você sempre mudava de idéia ...,
não aguento mais esperar.

Eu estou indo.
Não por vontade,
mas por que
talvez preciso
seja.

Eu continuo a ir,
e nem sei
se quero
{ficar}.

Venha me buscar,
mesmo que eu não
saiba se quero
{voltar}.

... eu estou indo.
Você não vem {?}
mesmo.

Estou quase chegando,
e nem sei aonde.
A minha mão ainda espera
ser fisgada pela sua.

Então vem,
daí eu não
vou.

domingo, 27 de abril de 2008

Casa no Campo.


Minhas percepções e distorções sobre o mundo estão em constante movimento e jamais desconexas dos meus sentimentos; e isto precisa ser dito.

Incontáveis vezes eu desejei e desejo juntar aqueles muitos pedaços nos quais me espalhei (amigos é a palavra mais próxima que pude achar no dicionário para explicar os 'pedaços') para que eu pudesse viver mais, amar mais, conhecer mais e sentir mais.
Ninguém pode caber num só corpo; precisamos nos dar e nos receber de e por outros; e isto faz pleno sentido para mim ... um ser tão repartido em múltiplos pedaços.

Diariamente penso num modo prático de reunificar estas grandes partículas num só lugar e lá viver com todos uma vida plena, sincera e de mutualismos constantes.
Talvez isso nada mais seja do que uma fuga de olhares vazios e ocos, de pessoas de mentirinha, de pessoas que se protegem em redomas de vidros, de pessoas que sequer acham graça em roubar um sorriso ou um beijo de outrém e de gente que tem medo de gente.

Que sorte a minha: muitas dessas metades que me pertencem (de um jeito completamente livre) também possuem esse mesmo desejo irmão de estarmos juntos, de vivermos juntos, de realizar com alguns poucos escrúpulos a incrível fantasia da realidade diária.

Como construir o projeto de uma ilha?
Ou melhor, de uma casa no campo?
Aquele lugar sagrado que você entende e que não se perde nem em tempo e nem em espaço.

Será possível provar que a física está errada mostrando que vários corpos ocupam sim um mesmo lugar e que o infinito também existe (ao menos quando mensuramos sentimentos)?

Sócios de visões de mundo, de distância do pré-frabricado, de uma significante não-proximidade do desassossêgo; comparsas de idealizações, utopias, lembranças de ontem e do por vir: EU OS AMO.

Vai ser bom quando estivermos velhinhos e olharmos ao redor: amigos, livros e discos.
Um mundo particular dividido constantemente com gente especial; é bom sonhar junto, é bom os ter sempre por perto.
Vocês são integrantes essenciais do meu projeto de confiança no ser.
Obrigada!

♪ ♪ Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais,
E tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais.
Eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar no tamanho da paz,
E tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais.
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim,
Eu quero o silêncio das línguas cansadas,
Eu quero a esperança de óculos,
Meu filho de cuca legal.
Eu quero plantar e colher com a mão a pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais ...
("Casa no Campo", Zé Rodrix e Tavito)

... e isso já é bastante coisa,
isso já é tudo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Excuse me while I kiss the sky.


Esquecendo todas as mágoas, os pesos, amarguras, desamores.
As rivalidades, as frivolidades, os abismos, os tremores.
Desapegando, recomeçando,
deixando,
vivendo.

A busca pela cura,
suas delícias
e suas
torturas.

Na rejeição do passado dolorido,
é possível (re) inventar
um presente
querido.

Depois de uma viagem ao céu,
volto mais pura.
{todososdias}.

Quando o incômodo persistir,
lembre das demais estrelas
que no céu
você
mirou.

E forme outras
nuvens.

Respire novas
cores.

Brilhe em cada vez mais
sóis.

Inspire mais
luas.

Construa naves
impossíveis
aos outros.

Descubra sempre inéditos
sorrisos
em
você.


♫ A lua inteira agora é um manto negro,
O fim das vozes no meu rádio,
São quatro ciclos no escuro deserto do céu ...
Quero um machado prá quebrar o gelo,
Quero acordar do sonho agora mesmo,
Quero uma chance de tentar viver sem dor ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
Não era mais o mesmo mas estava em seu lugar ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo,
Vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ...
A trajetória escapa o risco nu,
As nuvens queimam o céu, nariz azul
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu ...
A lua, o lado escuro, é sempre igual
No espaço a solidão é tão normal,
Desculpe estranho eu voltei mais puro do céu ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
Não era mais o mesmo mas estava em seu lugar ...
Sempre estar lá e ver ele voltar,
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ...
Estar lá!
E ver ele voltar,
Não era mais o mesmo, mas estava em seu lugar
Sei que estar lá e ver ele voltar
O tolo teme a noite como a noite
Vai temer o fogo ...
Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo,
De onde eu via o mundo azul ... ♫
(Nenhum de nós, "O astronauta de mármore")

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Muitas vezes é sobre isto.


"Querido Joe,

Se eu conseguisse fazê-lo feliz, eu teria conseguido fazer a maior e mais difícil coisa que existe, que é deixar uma pessoa completamente feliz.
Sua felicidade significa a minha felicidade e ..."
(Trecho da carta de Marilyn a Joe minutos antes de sua morte, em 4 ou 5 de agosto de 1962 em Los Angeles).



"... Ele nunca deixaria de amá-la e seria seu confidente mais constante, o porto seguro para onde ela voltava sempre que estava com problemas ..."
(Teté Ribeiro, "Divas Abandonadas")

Talvez amar seja isso, né?
Não estar junto, mas ser sempre próximo.
Ou talvez amar seja muito mais, seja grande demais, sublime demais, belo demais pra essa vida repleta de vaidades e egoísmos ...