Eu olhava pra ele e, pela primeira vez, tive medo da solidão. E eu nem sabia se ele era sozinho. Lágrimas já não foram mais contidas. É a vida, irmão. E ela não é de brincadeira. Também pela primeira vez, entendi que as escolhas que você faz hoje acarretam no seu amanhã e em todo o futuro que você supõe ter planejado. Ah, é Natal. Vai ver que é só por isso. Que direito tenho eu de sentir pena de alguém?
...Mas eu senti.
Esperem um minuto... Era por mim ou por ele que eu chorava?
Pela vida que eu supunha ter ou pela que acreditava que ele tinha?
Como pude ser tão insensível naquele momento? Como pude me esquecer de olhar mais de perto?
Inerte em mim, deixei de observar com atenção o sentimento de descuidado do outro. Que coisa triste!